Jovens e crianças em suas possibilidades emocionais.

Deixem suas crianças aprenderem a viver.

 

Parte do viver é experimentar as vitórias e derrotas.

 

É isso mesmo, quem disse que, somente se cresce, ou se aprende algo nas vitórias.

 

Quem disse que, somente planejando os melhores colégios, cursos complementares, faculdades, pós-graduações, mestrados, doutorados e tantas outras coisas, farão de nossas crianças, adultos maduros?

 

Quem disse que, ao preservar excessivamente nossas crianças, do contato com o mundo que nos cerca, estaremos defendendo-as disso tudo?

 

Quem disse que, tomando todas as decisões por elas, estaremos fazendo-as mais felizes e seguras?

 

Quem disse que, alguém como professores, babás, monitores, empregados e coadjuvantes, poderão dar maior assistência e atenção às nossas crianças que nós, pais e mães?

 

Quem disse que, ao ocupar todos os dias de nossas crianças com inúmeras atividades, faremos delas um exemplo de sucesso e realização?

 

Bem, muitos de nós mesmos é que dizemos, pensamos, e agimos dessa forma.

 

Sendo assim, quem sabe, estaremos criando uma geração, que poderá basicamente, ser dividida em dois grupos distintos:

 

1.>Um grupo de jovens inseguros, que ao entrarem em contato com uma nova realidade, que nunca antes, lhes fora apresentada, “travam” e se vêem incapazes de resolver problemas banais, já que não tiveram a oportunidade de sentirem, viverem e enfrentarem maiores dificuldades, muitas vezes comuns para tantos outros. Não se relacionam facilmente, sentem-se por vezes infelizes, sem saberem realmente definir o que precisam para sentirem-se bem. Muitas vezes são indivíduos cultos, bem formados, só que fracos emocionalmente. Podem acometer-se de transtornos psiquiátricos, e tantas outras patologias sociais com que convivemos, por entrarem demasiadamente tarde nas questões normais da vida, por terem sido poupados dessas situações comuns do dia a dia.

 

2.>O Outro grupo é formado por jovens que, na maioria dos casos são autoritários. São competitivos ao extremo, não conseguem sequer ver, ouvir, sentir as pessoas ao seu lado. Para atingirem seus objetivos, passam por cima de todos, sentem-se soberanos. O medo é tanto que não enxergam o outro indivíduo como seu semelhante, são adversários. No íntimo sentem-se solitários, pois não sabem dividir, não aprenderam a se doar.

 

Em suma, estes dois grupos com suas variações, possuem em comum, a falta de um ingrediente fundamental para a existência que qualquer um de nós: “Inteligência Emocional”.

 

Cresceram solitários em uma redoma.

 

Os pais, movidos pelo amor e desinformação, pensam que facilitando tudo na vida será mais fácil para seus filhos. Ledo engano, pois o mundo não contempla nem facilita nada.

 

As regras ditadas pela globalização são uma risco para os menos atentos aos modismos.

 

Alguns pais cumpriram à risca, a cartinha ditada pela modernização, não se aperceberam de coisas básicas e simples na vida, o amor, a atenção, a espontaneidade, a alegria, a dor, a tristeza, a dúvida, o medo, a fantasia, a brincadeira, a imaginação, o arriscar, o cair e o levantar, os sonhos, a superação, a improvisação.

 

Coisas estas, que fazem sim a diferença, acrescentam maturidade e uma visão real do mundo. O ensino acadêmico é importante, mas não basta. Nossas crianças precisam participar e vivenciar a vida na realidade.

 

Para os pais de filhos pequenos.

 

Dêem um tempo para relembrar, quantas situações vocês viveram, quando de alguma forma estavam sozinhos, e lhes coube tomar uma decisão, arriscar-se e seguir em frente.

 

Quantas vezes você já propiciou isso a seus filhos.

 

É claro que, aí virão as corretas afirmações de que o mundo mudou, de que a violência é muito maior, de que algumas pessoas são realmente más. Infelizmente tudo isso é verdade, mas tentem dar espaço para seus filhos arriscarem-se mais.

 

Lembro-me dos finais de semana onde criança, saia de casa e minha mãe falava, volte perto do meio dia para almoçar! Após o almoço, me levantava da mesa e corria para a rua, e novamente ouvia meio que sem atenção, não se atrase para o jantar. Neste momento, o saudosismo falou mais alto. Voltava “destruído”, com a roupa tão suja quanto meus pés e mãos, sentindo aquela dor, “gostosa”, nos ossos da perna de tanto correr e pular, de tanto aventurar-me.

 

Para isso é preciso estar junto deles mais tempo. Aí eu acabo caindo em uma controvérsia neste texto. Como estar mais perto se o que falta é espaço para eles agirem de acordo com seus instintos?

 

O que tento dizer é que passem o tempo juntos conversando, descobrindo novas coisas, explicando e exemplificando situações corriqueiras, permitindo que eles queiram algo diferente, daquelas que já oferecemos.

 

Para isso é preciso uma observação bem real da situação. Sem drama, algo de melhor pode ser feito. E é óbvio que proporcionar as melhores escolas é importante, mas não podemos esquecer de permitirem à eles serem crianças.

 

Estas poucas palavras não querem ditar mais uma cartinha ou dar um exemplo a ser seguido, é apenas uma observação pertinente de alguns jovens que sofrem pela dificuldade de adaptarem-se a outra realidade que nunca lhes fora apresentadas.

 

E o tempo não volta…

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